Miriam Leitão saiu do estúdio para conversar com Carlos Ghosn, um dos executivos mais influentes do mundo.
Nesta sexta-feira (7) a Miriam Leitão saiu do estúdio e foi ao Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, para conversar com um
executivo que é ouvido no mundo inteiro:
O presidente da Aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn.
Um dos executivos mais influentes do mundo veio ao Brasil anunciar novos investimentos.
São duas fábricas, uma no Rio e outra no Paraná, que vão receber R$ 3 bilhões e criar quase quatro mil empregos nos próximos cinco anos.
Miriam leitão conversou com o brasileiro que ficou conhecido no mundo dos negócios por salvar empresas à beira da falência.
O presidente da Aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn.
Miriam Leitão:
Para começo de conversa, eu queria passear pela sua vida.
O senhor nasceu no Brasil, morou no Líbano, é francês naturalizado, morou no Japão, morou nos Estados Unidos e foi sagrado cavaleiro do Império Britânico.
O senhor acha que pertence a que país?
Carlos Ghosn:
Eu sou de nacionalidade brasileira e francesa e também sou de origem libanesa.
Eu pertenço a três países. Eu me sinto bem no Rio de Janeiro, em Paris e em Beirute também.
O senhor fez declarações a favor de uma medida que é muito polêmica no Brasil, que é a elevação do IPI contra automóvel importado.
Por que o senhor apoia essa medida que é protecionista na visão?
Eu falei que a presidente, tendo como objetivo desenvolver o emprego no Brasil, tomou essas medidas para desenvolver a produção local, porque ela sabe que todas essas montadoras não podem não ficar no Brasil.
Todo mundo vai entrar no Brasil, porque o Brasil é o quarto maior mercado do mundo do lado automobilístico.
Talvez um dia vá ficar o terceiro com o desenvolvimento no Brasil.
Então, a medida que foi tomada vai ser um incentivo para que as montadoras desenvolvam investimentos no Brasil.
Como o senhor está vendo a crise mundial?
Eu acho que nós vamos ter um mercado bastante deprimido na Europa.
Vamos ter um crescimento nos Estados Unidos abaixo do que todos nós estamos esperando, mas a Ásia vai crescer muito bem, África, meio Oriente, América Latina e Brasil.
Então, meu cenário central é de um crescimento em 2012, talvez baixo do que todo mundo deseja.
Não acho que nós vamos cair numa outra recessão.
O Japão estava começando a se recuperar quando foi atingido pelo tsunami, pelo terremoto e tsunami e depois pelo desastre nuclear.
Isso afetou a cadeia produtiva do automóvel, principalmente. Quando vai estar normalizado?
Hoje todas as consequências do terremoto estão atrás da gente.
Os japoneses trabalharam muito bem, recuperaram tudo.
O Japão está em uma fase realmente de crescimento.
Agora como o senhor avalia a china.
A China é sempre uma controvérsia no mundo. A China é um aliado ou ameaça?
Não considero a China uma ameaça nem considero como aliada.
Considero a China como a grande oportunidade, porque é um mercado que não existia há 15 anos atrás, que vai ser um dos maiores mercados internos no mundo.
O Brasil vários problemas:
continua com uma carga tributária, continua com muita burocracia.
Como o senhor vê o ambiente econômico no Brasil?
Eu entendo muito bem quando os empresários se queixam de uma carga tributária muito alta, porque o consumidor também está se queixando sobre isso.
Então, muitas pessoas que me fizeram a pergunta:
‘por que os carros são tão caros no Brasil?'.
Porque é a maior carga tributária nos grandes países do mercado automobilístico.
Então, essa é a primeira razão.
A segunda razão é que tem alguns setores que não são ainda muito competitivos, por exemplo, o setor do aço.
O aço no Brasil é muito caro. A gente está dando uma olhada para a totalidade do Brasil.
Sem nenhuma dúvida, o Brasil é uma grande oportunidade, mesmo que tenha algumas coisas que têm que ser corrigidas.