Incompetência diplomática do Brasil' explica atrasos das vacinas, lamenta Margareth Dalcolmo

 

Pesquisadora da Fiocruz atribui falta de vacinas a “desídia absoluta” e “incompetência diplomática do Brasil” 


Por Felipe Moura Brasil

20.01.21 15:20 

A pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, lamentou que “as gestões diplomáticas” do governo de Jair Bolsonaro “tenham fracassado a esse ponto” de não haver vacina disponível para os brasileiros por falta de insumos.

“Quantas coisas nós vivemos, quantos testamentos nós vimos serem trocados, quantas notícias tristes nós demos às famílias. Quando a porta se fecha, nunca mais aquela pessoa verá ninguém, a não 

ser os nossos olhos atrás de óculos e máscaras”, disse ela, durante entrega do “Prêmio São Sebastião”, no Teatro da Fundação Cesgranrio, na terça-feira, relembrando emocionada e indignada os dramas vividos ao longo de onze meses de pandemia. 

Dalcolmo apontou “a desídia absoluta” e “a incompetência diplomática do Brasil”. 

“Então essa vivência nos tornou não mais poderosos, não mais sábios; nos tornou mais humildes, nos tornou mais atentos com o outro. E é com essa atenção que eu lhes digo: não há nada que justifique [a falta de vacinas no país], a não ser a desídia absoluta, a incompetência diplomática do Brasil que não permita que cada um dos senhores aqui presentes, que as suas famílias e aqueles que vocês amam, estejam amanhã ou nos próximos meses, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo a única 

solução que há para uma doença como a Covid-19”, frisou a pesquisadora. 

“Eu gostaria de conclamar a todos que nós não nos calemos diante disso porque não há nenhuma outra justificativa que não a nossa incapacidade de resolver algo que nós teríamos toda a obrigação (de resolver)… Eu adoraria estar aqui dizendo que nosso cronograma será cumprido… Mas eu acabo de saber, dez minutos atrás, que isso não poderá ser cumprido, independentemente de todo o nosso esforço. E eu lamento terminar essa breve elocução com uma notícia que 

não é boa, mas que conclama a todos consciência cívica e reivindicação daquilo que é nosso direito e a única solução”, concluiu Dalcolmo.

Criado em 1993 pela Associação Cultural da Arquidiocese do Rio, presidida por Carlos Alberto Serpa, o Prêmio São Sebastião é entregue anualmente na véspera do dia do padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. O cardeal Dom Orani Tempesta, arcebispo da cidade, também compareceu ao evento. 

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