Aplicativo do Ministério da Saúde receita cloroquina e ivermectina para sintomas de Covid-19

 André Siqueira

Um aplicativo lançado recentemente pelo Ministério da Saúde recomenda medicamentos sem eficácia comprovada para o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19. 

O “TrateCOV” foi anunciado pelo ministro Eduardo Pazuello na quinta-feira, 14, durante sua visita a Manaus, capital do estado do Amazonas, que sofre com a escassez de oxigênio em unidades hospitalares. 

A recomendação de hidroxicloroquina e ivermectina, por exemplo, é feita diante de sintomas como fadiga, náusea e diarreia. 

“Para auxiliar os profissionais de saúde na coleta de sintomas e sinais de pacientes visando aprimorar e agilizar os diagnósticos da Covid-19, o Ministério da Saúde desenvolveu o aplicativo TrateCOV. Seja presencialmente ou por teleconsulta, a plataforma traz autonomia aos profissionais de saúde habilitados para encaminhar o atendimento e resposta adequados para o paciente de acordo com cada caso”, diz uma nota divulgada pelo governo brasileiro. 

“A plataforma traz ao médico cadastrado um ponto a ponto da doença, guiado por rigorosos critérios clínicos, que ajudam a diagnosticar os pacientes com mais rapidez. Depois disso, o TrateCOV sugere algumas opções terapêuticas disponíveis na literatura científica atualizada, sugerindo a prescrição de medicamentos. Assim, o diagnóstico sai mais rápido e o tratamento tem início precocemente, contribuindo na redução de internações e óbitos por Covid-19”, acrescenta o texto. Na reunião que deu o aval para o uso emergencial das vacinas CoronaVac e da AstraZeneca, os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmaram que os imunizantes são necessários porque não há tratamento precoce contra o coronavírus. “Até o momento não contamos com alternativa terapêutica aprovada disponível para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus”, disse relatora Meiruze de Freitas

Apesar de ser destinado a profissionais de saúde, o aplicativo tem livre acesso na internet. 

A reportagem da Jovem Pan realizou uma simulação no portal TrateCOV: paciente de 35 aos, do sexo masculino, com quadro de fadiga, dor de cabeça, congestão nasal e náusea. 

A receita prescreve difosfato de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, doxiciclina e sulfato de zinco.

 Nas redes sociais, usuários relatam que a prescrição é semelhante para recém-nascidos ou para pessoas que não apresentam nenhum sintoma respiratório.


Na segunda-feira, 18, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, Pazuello afirmou que o governo defende o “atendimento precoce” e não o “tratamento precoce”.

 “Incentivamos que a pessoa doente procure imediatamente o posto de saúde, procure o médico, que faz o diagnóstico clínico. Isso é foro íntimo do paciente com o médico. O ministério não tem protocolos sobre isso. Atendimento é uma coisa, tratamento é outra. Atendimento precoce, é esse o nosso objetivo”, disse o ministro. 

Horas antes, porém, o presidente Jair Bolsonaro disse, em conversa com apoiadores, que, apesar da aprovação das vacinas no Brasil, não desistiria do tratamento precoce. “Não desisto do tratamento precoce, não desisto. A vacina é para quem não pegou Covid-19 ainda”.


Deputado aciona a Justiça 


Diante da repercussão do caso, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que irá acionar a Justiça para retirar o aplicativo “TrateCOV” do ar. “Estou acionando a Justiça Federal para retirar do ar o aplicativo TrateCOV, do Ministério da Saúde, que está sendo usado ilegalmente para estimular o uso de cloroquina, inclusive em casos cujos sintomas descritos são de ressaca

Pazuello tem que responder por crime contra a saúde pública”, disse o parlamentar em sua conta no Twitter. 

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