Mulher com câncer leva 6 meses para fazer exame em hospital referência de SP

No Outubro Rosa, o mês de combate ao câncer de mama, a CBN conta a saga de uma mulher que teve a doença nos seios, agora foi diagnosticada com metástase e não consegue realizar os exames na rede pública. No hospital estadual Pérola Byington, considerado referência no atendimento às mulheres, a fila por exames chega a seis meses. Já na rede municipal, o problema é a falta de orientação adequada ao paciente.

Fachada do Hospital Estadual Pérola Byington
Crédito: Divulgação / Governo de SP
Por Guilherme Balza
"Eu fico triste, entendeu? Porque é tudo muito longe, é tudo meses, meses, meses e anos"
O lamento da aposentada Rosalina Henrique dos Santos, de 53 anos, é de alguém com uma doença muito grave e que simplesmente não consegue fazer os exames necessários ao tratamento.
Rosalina foi diagnosticada com câncer de mama em 2010. Em março de 2011, passou por cirurgia para remoção do tumor e depois começou a quimioterapia. O tratamento foi feito no Hospital Estadual Pérola Byington. O tumor foi embora, mas, em fevereiro deste ano, uma tomografia detectou metástase nos ossos. 
Ela retomou o tratamento. No dia 8 de junho, o médico pediu dois exames: cintilografia nos ossos e ressonância magnética no abdomen. A cintilografia demorou quase quatro meses para ser feita e ficou pronta depois da data que ela tinha a consulta com o médico que pediu o exame.
"Toda essa parte de exames é muito demorada. E ninguém te dá um respaldo. Você liga lá, só aguarda, aguarda, eles nunca te dão uma posição. E fica adiando a consulta do médico, e o médico te pedindo..."
Para a ressonância, o hospital deu um prazo de seis meses. Sem saber que estava sendo gravada, uma funcionária da unidade admitiu o problema na rede estadual.
"O outro problema que a gente tem é a ressonância. É igual à cintilografia. A gente não tem essa máquina hoje no hospital. É muita paciente, muita paciente, e pouca vaga, e acaba gerando essa fila de espera. Eu não tenho como dar uma previsão."
Mas Rosalina também não conseguiu fazer o exame na rede municipal. Ela teve que ir três vezes à Unidade Básica de Saúde da Vila Arriete, na Zona Sul da capital, até receber a orientação correta. Em 20 de setembro, o clínico geral que a atendeu alegou que não poderia pedir o exame e que ela deveria passar por um cirurgião. 
No último dia 5, a paciente retornou, e a diretora da unidade deu outra orientação. Ela deveria levar os documentos comprovando o câncer e a necessidade do exame, mas não precisaria passar por outro médico. Os papéis foram entregues no dia 9, e na última segunda-feira, a ressonância foi marcada para primeiro de novembro.
Como a consulta com o médico é na próxima sexta-feira, Rosalina fez o exame na rede privada. Aposentada por invalidez, sem outra fonte de renda, ela teve que desembolsar 692 reais.
"E você com aquela doença fica pior ainda. Não te ajuda nada. Atrapalha muito, Mexe com a cabeça,com o físico, mexe com a família, mexe com todos. Principalmente com a pessoa que está doente. É muito sofrimento, é muito ruim."
Procurada pela reportagem, a prefeitura informou que o agendamento do exame foi iniciado assim que a documentação necessária foi entregue na UBS.

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