WASHINGTON - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou em declaração preparada para a reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional do Fundo Monetário Internacional que a economia brasileira está pegando tração e "gradualmente retornando ao caminho do crescimento sustentável."
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Henrique Meirelles ao lado do presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, durante evento do FMI. Foto: AFP PHOTO/JIM WATSON |
Ricardo Leopoldo, correspondente e enviado especial, O Estado de S.Paulo
Ele falou em nome do grupo de Países que o Brasil representa no FMI, formado por Cabo Verde, República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Nicarágua, Panamá, Suriname, República Democrática do Timor-Leste e Trinidad e Tobago.O ministro destacou que o nível de atividade nacional voltou a crescer no primeiro semestre deste ano depois da longa e mais profunda recessão da história, evolução que ocorre devido a efeitos positivos gerados por políticas macroeconômicas adotadas pelo governo, fato que ocorreu junto com outros fatores cíclicos. "Na conjuntura atual, o emprego e a renda real estão subindo, sustentados pela forte desinflação e gradual recuperação da economia", apontou. "Enquanto desafios fiscais persistem, a desalavancagem de famílias e empresas em curso viabiliza um necessário espaço de respiração para uma recuperação balanceada."
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Segundo o ministro, a agenda de reformas estruturais é vasta e tem sido trabalhada pelo governo com o foco em áreas-chave que vão ajudar a elevar a produtividade do País, elevar a confiança e fortalecer investimentos. Meirelles destacou que foram implementadas a reforma trabalhista, um novo arcabouço fiscal para limitar o gasto público
, o incremento de regras de governança de empresas estatais e ações para estimular a Formação Bruta de Capital Fixo. Além disso, ele também apontou que há legislação recente para a concessão de serviços públicos e há nova regulação que resultará na convergência ao longo do tempo da taxa de juros cobrada pelo BNDES a taxas de mercado.
"Outras reformas são esperadas de ser consideradas pelo Congresso, incluindo a da Previdência Social, crucial para refletir as mudanças demográficas da sociedade brasileira e para assegurar a sustentabilidade da dívida pública", apontou o ministro. "O progresso na agenda de reformas é importante para aumentar a concorrência na economia, ajudando a manter a inflação baixa e contribuindo para uma menor taxa de juros neutra."
De acordo com o ministro da Fazenda, continua consistente a posição das contas externas do Brasil, e o regime de taxa de câmbio flutuante, junto com reservas internacionais apropriadas, tem servido bem como primeira linha de defesa do País contra choques externos. Para ele, o déficit de transações correntes tem caído de forma substancial nos últimos dois anos, enquanto o investimento direto estrangeiro (FDI, na sigla em inglês) subiu como proporção do PIB.
De acordo com Henrique Meirelles, o sistema financeiro no Brasil continua sólido e capitalizado com adequada regulação e supervisão. "O potencial de expansão do crédito será beneficiado por robustas condições financeiras e pode contribuir para fechar o grande hiato do produto na economia brasileira."
Segundo o ministro, "com a melhora da confiança na gestão da política macroeconômica, o prêmio de risco do País caiu, reduzindo o risco soberano para o menor nível nos últimos anos, para perto de níveis de grau de investimento." Para Henrique Meirelles, a inflação no Brasil está ao redor de 3% e ficará perto da meta nos próximos 18 meses, "com a taxa de juros básica sendo reduzida em 600 pontos-base com mais cortes esperados por participantes do mercado."
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