Consumidores trocam compras do mês por mercados de salvados Os estabelecimentos vendem apenas produtos com data de validade pequena, prestes a vencer. A economia para o consumidor pode passar de 50%.
Por Renata Colombo
Você já
ouviu falar em salvados ou em fifos? Feijão, arroz, iogurte, produto de
limpeza, presunto e queijo embalados, sucos e congelados.
Tem gente que
economiza metade do orçamento da casa comprando produtos mais próximos
da data de vencimento.
As placas
no mercado são bem claras e visíveis ao cliente. Indicam quando o
produto vai vencer. A dica de quem frequenta essas lojas é fazer as
compras semanalmente, e não uma vez por mês, como nos mercados
tradicionais.
Comparação de preços entre mercado de salvados e supermercado convencional
Crédito: Renata Colombo/CBN |
A ida com mais frequência garante segurança no consumo e
não perder as promoções, já que os produtos tendem a acabar mais rápido.
Francisco
Pinheiro é gerente de uma das maiores lojas de salvados da capital
paulista. A maioria está localizada em bairros da periferia.
Comparação de preços entre mercado de salvados e supermercado convencional
Crédito: Renata Colombo/CBN |
O mercado
onde ele trabalha, no entanto, fica no Centro. É ponto de parada de que
vai e volta do trabalho e trocou o supermercado convencional pelos
salvados.
‘Se você pegar o suco de laranja, o prazo de validade é 12 de
novembro. Tem 1,5 litro por R$ 4,99, e ele custa uns R$ 15’.
Para
facilitar a vida destes clientes tão fiéis, uma ajudinha da tecnologia,
com os conhecidos grupos de WhatsApp que avisam das ofertas de última
hora.
A venda de
salvados se tornou um nicho de mercado e uma alternativa às grandes
redes de supermercados, como a que Antônio Ferreira de Sousa gerencia,
que prefere vender alimentos próximos da validade somente quando já
estiverem na prateleira.
Este tipo
de comércio vem se tornando também uma oportunidade em meio à crise
econômica. A família do comerciante Anselmo Nascimento tinha uma loja de
presentes. Trocaram o estabelecimento por uma loja de fifos na Vila
Sabrina, Zona Norte de São Paulo.
Com
objetivo de fugir da crise, Ricardo Maeda arriscou sair da periferia e
abrir uma loja de salvados no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da
capital. O foco do empreendedor é ficar perto de onde o trabalhador
está.
Para o
economista Nelson Barrizelli, o comércio de produtos de consumo imediato
possibilita que famílias mantenham um estilo de vida que acabaram
perdendo por conta da crise, já que as perspectivas não são de
recuperação a curto prazo da economia e do emprego.
Com uma
ideia criativa aqui, uma alternativa inusitada acolá, o brasileiro vai
buscando um jeito de salvar a dispensa da crise. Neste caso, um
pouquinho mais de trabalho para a dona de casa, mas que garante a
geladeira mais recheada.
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