Ensino Médio - Junji Abe quer plano para valorizar magistério



Sub-relator de SP na comissão que estuda reformulação do segmento, 
deputado alerta que não há como elevar a qualidade curricular e combater a 
evasão escolar, sem qualificação e remuneração adequadas dos educadores

A formação qualificada e o aperfeiçoamento contínuo dos professores, associados à implantação de um plano de carreira capaz de garantir a devida valorização dos educadores são vitais para melhorar a qualidade do ensino público no País. “Não dá para pensar em conteúdo adequado e aulas estimulantes, capazes de conquistar o aluno e combater a evasão escolar, sem oferecer ao profissional do magistério remuneração condizente. Ele precisa receber salário compatível para se dedicar em tempo integral àquela comunidade escolar, sem precisar peregrinar por outras escolas para complementar a renda mensal”, defendeu o deputado federal Junji Abe (PSD-SP), sub-relator do Estado de São Paulo na comissão especial que estuda a reformulação do ensino médio.

Ao participar do Seminário Nacional sobre Reformulação do Ensino Médio, realizado na Câmara nesta quarta-feira (16/10/2013), Junji apontou que a maciça maioria dos educadores ganha mal. Embora a remuneração varie muito de estado para estado e até de cidade para cidade, comentou ele, não existe um compromisso do poder público para corrigir distorções no tratamento dado aos professores. “Pouquíssimos municípios possuem um plano de carreira para os profissionais da educação. Na verdade, deveria haver um dispositivo do gênero válido para todo território brasileiro. O poder público, das três esferas, precisa entrar de corpo e alma na luta para resgatar a dignidade de quem vive para ensinar”, destacou.

Caso contrário, alertou Junji, “a qualidade na educação continuará a ser lenda e não haverá meios de conter o exército de excluídos formado pelo crescente número de jovens que não concluem o ensino médio”. Segundo o deputado, o problema envolve todo o País e deve ser equacionado por meio de firme parceria entre a União e os governos estaduais visando traçar diretrizes concretas para adequar a infraestrutura física e operacional, prover os recursos didáticos, ajustar o planejamento curricular e consolidar o plano de carreira do educador.

Junji disse que é notório o fato de o ensino médio no Brasil não atrair, nem manter e muito menos preparar os jovens para o mercado de trabalho ou para as universidades. “Chegamos num fundo de poço em que não cabem mais medidas paliativas. É necessário implementar transformações estruturais, com profundidade, abrangência e muita eficiência”, opinou. Além da estrutura e do instrumental para oferecer educação de qualidade, acrescentou ele, é urgente tratar da valorização do professor.

Junji quer plano para valorizar magistério“Precisamos ainda de uma forte operação de responsabilidade compartilhada para que diretorias regionais de ensino dos estados e municípios desenvolvam ações conjugadas com o objetivo de diminuir o número de jovens que abandonam o ensino médio. Vale lembrar que os pais são peças-chave no processo. Têm de assumir, efetivamente, seu papel de formar o futuro cidadão”, complementou Junji.

Na abertura do seminário, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou que é preciso reformular o currículo e dar condições para que novos talentos se desenvolvam dentro das escolas. Uma das propostas do ministério é o projeto "Quero ser cientista, quero ser professor". Ele disse que o governo oferece 40 mil bolsas de estudos, com a perspectiva de chegar a 100 mil, para os estudantes de matemática, física, química e biologia interessados em cursar ciência e serem professores. “Há uma grande deficiência nestas áreas. Então, a prioridade do MEC é estimular".

Para a presidente da Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Manuela Braga, a reformulação do ensino médio passa necessariamente por uma gestão mais democrática das escolas. Não há como impor aos jovens um currículo com até 19 disciplinas sem qualquer relação com a realidade dos alunos, que acabam deixando a escola, como argumentou. "E os que permanecem não conseguem se identificar. Saem do ensino médio sem estarem preparados para o mercado de trabalho e nem para a vida”, advertiu. Ela observou que quem conclui o ciclo e se depara com uma redação do Enem não consegue, sequer, interpretar o texto.

O fato de conservar um currículo básico e flexibilizar o restante das disciplinas por temas, como propõem algumas entidades, não é bem visto por Celso João Ferreti, do Cedes – Centro de Estudos de Direito Econômico e Social. "Corremos o risco de que, na ânsia de atender à diversidade, comece a se produzir currículos diferenciados para cada aluno e isso pode conduzir não à integração, mas à desintegração", analisou.

Presidente da comissão especial, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) esclareceu que foram realizados seminários estaduais e as propostas oferecidas nos estados e no seminário nacional serão analisadas pela comissão. "Temos um enorme desafio, que é entregar para o conjunto da Câmara, para o MEC, para o povo brasileiro e em especial para o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), um relatório preliminar para que a gente possa iniciar com algumas propostas de curto, médio e longo prazos."

O seminário nacional analisou o currículo, a integração profissional, a formação de professores, a infraestrutura e os instrumentos de avaliação do Ministério da Educação. Os dados apresentados pelos participantes serão incorporados ao relatório da comissão especial que deverá ser apresentado no final do mês.
Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com

Postagens mais visitadas deste blog