domingo, 18 de maio de 2025

Leão 14 fez questão de lembrar aos 150 mil presentes na Praça São Pedro algo que o mundo parece que vem esquecendo


 “Em Gaza, as crianças, as famílias e os idosos sobreviventes estão reduzidos à fome.” Na missa que marca o início de seu pontificado, neste domingo (18), Leão 14 fez questão de lembrar aos 150 mil presentes na Praça São Pedro algo que o mundo parece que vem esquecendo: que há uma tragédia sem precedentes em curso na Palestina.


Um papa tem três funções principais: a pastoral, de conduzir o rebanho de 1,4 bilhão de católicos; a de chefe do Estado do Vaticano, com todas as suas questões estruturais, da corrupção no Banco Vaticano aos casos globais de pedofilia; e a diplomática, que diz respeito à relação com outros países e igrejas.

Neste último, se insere a declaração de Roberto Prevost, que foi mais do que litúrgica. A fome não surgiu por conta de catástrofes climáticas, mas porque o território vive uma guerra sem precedentes. O papa lembrou disso ao usar o termo “sobreviventes”, no qual os vivos carregam o peso dos dos mortos. Com isso, fez pressão política por uma solução.

A ação criminosa do governo de Israel já produziu mais de 53,3 mil mortos (outros 8,3 mil desaparecidos estariam mortos nos escombros, segundo o governo do Hamas). O ocupação do território ocorreu logo após o Hamas matar 1.139 pessoas no atentado terrorista de 7 de outubro de 2023 em Israel e sequestrar mais de 200.

No momento em que cresce nos Estados Unidos, no Brasil e em outros locais do mundo pressões para que qualquer movimento pró-Palestina seja estupidamente confundido com apoio ao terrorismo do Hamas, a declaração do papa é um alento.

O governo Benjamin Netanyahu vem caminhando no sentido do desejo da ala dos ultraconservadores que querem uma limpeza étnica do território, com os palestinos expurgados para o Egito e a Jordânia. A partir daí, Gaza pode ser transformada em assentamentos e no resort sugerido por Trump.

É fundamental que líderes religiosos e chefes de Estado com acesso à mídia, como o papa Leão 14, lembrem ao mundo o fato de que o povo de Gaza segue lá, sendo morto. Não se semeia a paz enterrando a verdade sob escombros. Pelo contrário, o que brota disso é guerra e genocídio (íntegra no UOL)