Fiscal da Anatel utiliza equipamento para identificar aparelhos nos escombros em São Sebastião (SP) e ajudou no resgate de três crianças e a encontrar cinco corpos soterrados.
Por Arthur Stabile e Bruno Tavares, g1 SP
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/E/K/56lXyZRcyydOO9RN4MwQ/equipamento-anatel-sinal-de-celular-sao-sebastiao.jpg)
Analisador de espectro, aparelho usado para captar sinais de celular em meio aos escombros — Foto: Reprodução/TV Globo
A Anatel enviou para São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, um equipamento capaz de identificar aparelhos de celular que estão na área soterrada na tragédia que atingiu a região. O aparelho capta ondas eletromagnéticas enviadas por celulares que tentam obter sinal das operadoras telefônicas.
Como funciona:
- Um fiscal da Anatel com o aparelho aponta para a área em que houve o desabamento;
- Caso um celular esteja soterrado, o equipamento capta a busca por sinal de operadoras telefônicas;
- O fiscal identifica a tentativa de comunicação e aciona as equipes de socorro para concentrarem as buscas no local de onde partiu o sinal.
Em São Sebastião, o uso do equipamento já surtiu efeito: três crianças foram resgatadas nos trabalhos com auxílio da tecnologia. O analisador também ajudou a encontrar o corpo de cinco vítimas dos desabamentos em área onde foram captadas ondas de celular.
"Constatamos alguns sinais forte nos locais e nos locais onde a gente constatou o canil da guarda civil municipal de São Paulo veio até o local, os cachorros sentiram faro de pessoas, e teve locais já em que estão identificadas algumas vítimas", afirmou o fiscal da Anatel Alfredo de Andrade Filho, à TV Globo.
Para facilitar a identificação dentro dos escombros, o grupo de resgate pede para que todos os integrantes e populares no entorno desliguem ou coloquem os seus celulares em modo avião para potencializar a captação do equipamento.
"Onde o sinal estiver mais forte é onde tem celular ligado buscando operadora, e aí a gente consegue indicar pro pessoal vir com o canil pra sentir faro em pessoas que possam estar soterradas", disse.
O analisador de espectro, como é chamado o recurso, é utilizado pela Anatel desde 2019, quando houve o desabamento de um prédio em Fortaleza, no Ceará.
À época, não foi possível identificar sinais de celulares, pois o terreno não permitia aproximação suficiente dos fiscais, conforme detalhado pela agência.
Ao g1, a Anatel disse que possui cerca de dez unidades do analisador de espectro em cada unidade nos estados. A depender de cada especificação técnica, o equipamento possui valor médio de R$ 100 mil a unidade.
"Uns 5 sinais de celular a gente conseguiu captar [em São Sebastião]. Tem que entender também que se estiver muito soterrado a gente não consegue localizar, o que estiver um pouco mais próximo da superfície a gente consegue", afirmou Andrade Filho.
Segundo a agência, o uso cotidiano da ferramenta visa monitorar frequências que podem interferir e prejudicar serviços de telecomunicação e até para transmissões de rádio e TV.
"Na presente ocasião [tragédia de São Sebastião], a Agência vislumbrou a viabilidade de utilização desses equipamentos como um recurso tecnológico adicional aos trabalhos das equipes de resgate, cujos resultados se traduzem em maior agilidade na localização de vítimas e na preservação de vidas possivelmente ainda existentes", afirmou a Anatel, em nota.