Lava Jato completa cinco anos com 155 pessoas condenadas - Operação recuperou R$ 1,37 milhão por dia

A Operação Lava Jato completa cinco anos neste domingo (17). Conforme divulgado pelo Ministério Público Federal no Paraná, os 1.825 dias de trabalho de investigação, acusação e julgamentos resultaram em 242 condenações contra 155 pessoas, em 50 processos sentenciados por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, fraude à licitação, organização criminosa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas, crime contra a ordem econômica, embaraço à investigação de organização criminosa e falsidade ideológica.
Nesse período, R$ 2,5 bilhões retornaram à Petrobras, a principal estatal lesada pelo esquema, conforme determinação da Justiça – o que corresponde a uma média de R$ 1,37 milhão por dia devolvido aos cofres públicos desde 2014. Há ainda 11,5 bilhões a serem devolvidos para o erário, inclusive à petrolífera, conforme já acordado com a Justiça Federal.
No total de 13 acordos de leniência com empresas envolvidas, está previsto o ressarcimento de R$ 13 bilhões, valor superior à previsão de gastos da Justiça Federal (R$ 12,8 bi) ou do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (11,9 bi) descritos no Orçamento Anual de 2019 (anexo II). O MPF tem expectativa de que o valor apurado possa chegar a R$ 40 bilhões.

Método

Em 17 de março de 2014, a operação foi a campo, ganhou nome de sua “1ª fase”, inaugurou o método de trabalho e surgiu para a opinião pública que passou a acompanhar as investigações. A Justiça Federal determinou então 19 conduções coercitivas para depoimento na Polícia Federal, expediu 81 mandados de busca e apreensão e ordenou a prisão de 28 pessoas sob investigação – entre eles, o doleiro paranaense Alberto Youssef.
Três dias depois, a Lava Jato voltou ao destaque no noticiário ao prender o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras (2004-2012), apontando relação ilícita entre ele e o doleiro Youssef.
O ex-engenheiro foi solto em maio, após recurso no Supremo Tribunal Federal (STF). Cerca de 20 dias depois, Costa voltou à prisão, após a Justiça reconhecer risco de fuga por causa de US$ 23 milhões encontrados na conta dele em um banco na Suíça.
Em agosto, dois meses após o segundo encarceramento, o ex-diretor da Petrobras assinou acordo de delação premiada. No mês seguinte, foi a vez do doleiro Youssef. Ambos passaram a ser peças fundamentais nas investigações do escândalo.

 Fases

Passados cinco anos e desencadeadas 60 fases, a Lava Jato fez 91 acusações contra 426 pessoas físicas, nem todas processadas. Entre essas 63 pessoas foram acusadas de improbidade administrativa, junto com “18 empresas e três partidos políticos (PP, MDB e PSB)”, conforme o MPF. Mais de 180 pessoas denunciadas fizeram acordo de delação premiada e passaram a colaborar com as investigações.
A operação é resultado do trabalho da força tarefa que atua ainda hoje na operação com procuradores do MPF, policiais federais, auditores da Receita Federal, técnicos do Banco Central e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O principal juiz responsável pelas condenações na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sergio Moro, foi nomeado ministro da Justiça e da Segurança Pública do atual governo.

Revezes

Na última semana, a Operação Lava Jato sofreu dois revezes. Contrariando as expectativas de procuradores da Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na quinta-feira (14) que a Justiça Eleitoral tem competência para investigar casos de corrupção quando envolverem simultaneamente caixa 2 de campanha e outros crimes comuns, como lavagem de dinheiro, que são investigados na Operação.
No dia seguinte (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu suspender o acordo feito entre a força-tarefa e os Estados Unidos.
Edição: Renata Giraldi - or Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil 

Procuradores fazem ato de desagravo à força-tarefa da Lava Jato

Procuradores da República promoveram hoje (16), em Curitiba (Paraná), um ato de desagravo à força-tarefa da Operação Lava Jato. 
Por Agência Brasil* - Edição: Graça Adjuto
A manifestação é uma reação às críticas feitas ao Ministério Público Federal e também à Procuradoria-Geral da República, que é contra o acordo para reverter a maior parte da multa paga pela Petrobras nos Estados Unidos para uma fundação no Brasil.
O protesto ocorreu na véspera de a Operação Lava Jato completar cinco anos e no dia seguinte à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que define que ações relativas a crimes comuns, como corrupção e lavagem de dinheiro, e que tiverem relação também com crime eleitoral de caixa 2 devem ser remetidos à Justiça Eleitoral.
O procurador da República Deltan Dallagnol - Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil
“Com a suspensão do acordo, existe um risco de que esse dinheiro tenha que ser pago, pela Petrobras, aos Estados Unidos. Se não houver um acordo que legitime a permanência desse dinheiro no Brasil, ele terá que ser entregue às autoridades norte-americanas”, disse o procurador da República Deltan Dallagnol. “Faremos todos os esforços para que os recursos permaneçam no Brasil.”

Segundo Dallagnol, a negociação foi comunicada à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que é contrária à proposta de criação de uma fundação para administrar os recursos.
“O dinheiro não precisa ir para a fundação”, afirmou. “Nossa preocupação não é para onde o dinheiro será destinado. Estamos abertos a negociações. Respeitamos a decisão do STF, mas acreditamos que as informações não chegaram completas à Corte.”
Dallagnol reiterou as pressões contra a Lava Jato nos últimos dias. “Nunca houve tanta pressão exercida sobre a Lava Jato e às nossas atividades quanto na última semana. Quem nos pressionou pode ter acreditado que isso nos desestimularia, mas, pelo contrário, isso nos uniu.”
*Com informações de Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil

Suzano - Após Suzano, boato de novos ataques provoca pânico em escolas

Estadão Conteúdo
  • Por Jovem Pan

Após o ataque a tiros que deixou ao menos 10 mortos na escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, diversos colégios passaram a receber trotes com ameaça de ataques. 

Mensagens nas redes sociais sobre atentados “agendados” provocaram ansiedade e pânico entre pais e alunos.

Acompanhada da foto de uma arma, a mensagem “Padre Anchieta, né? Massacre escolar agendado” circulou entre alunos de três unidades da rede em cidades diferentes. 

Familiares buscaram diretorias para obter informações e queriam buscar os filhos antes do término das aulas.

A mesma mensagem foi encaminhada a alunos e professores da escola Padre Anchieta em Diadema, do colégio Miguel Vicente Cury, em Campinas e da escola Bady Bassit, em São José do Rio Preto. 

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, as três unidades tiveram aula normalmente e sem incidentes ontem.

“Pais ligavam ou vinham até a escola bastante nervosos, querendo saber se estava tudo bem, se havia acontecido algo. Alguns quiseram levar os filhos para casa. Uma situação que nunca vivemos antes”, contou uma professora da unidade de Campinas, que pediu anonimato.

A comerciante Susi dos Santos, de 39 anos, foi uma das mães que foi até o colégio quando recebeu a mensagem nas redes sociais. “Depois do que aconteceu, ficamos em choque. Não arrisco deixar meu filho na escola se tiver dúvidas sobre a segurança dele.”

Na unidade de Diadema, além do boato sobre a suposta ameaça também circulou um falso comunicado da direção, orientando os pais a não enviarem os filhos à escola. 

“Não sabemos ainda se é apenas uma brincadeira de muito mau gosto ou uma ameaça real, mas, depois do lamentável episódio de Suzano, não podemos ficar imóveis”, dizia outra mensagem que circulava entre os parentes. 

A secretaria informou que a direção não fez essa recomendação e disse que as aulas ocorreram normalmente.

“As mensagens parecem ser trote ou brincadeira mesmo, mas todo mundo está muito impactado com o que aconteceu. A gente prefere pecar pelo excesso de cuidado. Os alunos estão muito assustados e no dia do massacre só perguntavam e conversavam sobre como fugiriam e onde se esconderiam se entrasse uma atirador na escola”, disse uma professora da unidade de Diadema, que também não quis se identificar.

A comerciante Silvia Hirakawa, de 37 anos, ainda não sabe quando vai deixar o filho de 12 anos voltar às aulas na Estadual Luiza Hidaka, em Suzano

Ela recebeu mensagens e ouviu boatos de que havia planos para um ataque na unidade no mesmo dia em que houve o massacre. 

“Não sei se é verdade, mas não consigo arriscar. Ainda não sei se ele volta para a escola na próxima semana. Se tivesse dinheiro, matriculava em um colégio particular porque acho mais seguro”. A cidade decretou luto de três dias e toda a rede pública suspendeu as aulas.

Pais e professores pedem reforço na segurança das escolas. Os pedidos vão desde muros e portões até câmeras e fechaduras eletrônicas. 

A secretaria estadual promet fazer um levantamento para identificar as unidades mais “vulneráveis” e reavaliar procedimentos de segurança.
Orientação

A pasta da Educação destacou a parceria com a Ronda Escolar da PM no entorno de todas as unidades da rede e disse que os colégios receberam orientações de como trabalhar o tema com pais e alunos.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Suzano - Sociedade digital: a ‘deep web’ e os atiradores de Suzano

Assim que as mortes causadas por dois atiradores em Suzano na última quarta (13) começaram a ganhar os jornais e as investigações da Polícia passaram a se aprofundar no caso, um termo relacionado ao crime recebeu destaque: deep web.
  • Por Jovem Pan
ANANDA MIGLIANO/ESTADÃO CONTEÚDO

Com fama de obscura, perigosa e criminosa, a parte menos regulada da Internet pode estar diretamente ligada aos assassinatos na escola Raul Brasil, na pacata cidade do Alto Tietê paulista, onde oito pessoas foram mortas a tiros por Luiz Henrique de Castro (25) e Guilherme Taucci Monteiro (17).

Parte das investigações do caso sugere que os dois amigos teriam frequentado fóruns na deep web pedindo dicas de como cometer o crime. Os grupos online geralmente são acessados por entusiastas de assassinatos como o praticado em Suzano.

“Estima-se que, somente em termos de conteúdo, a deep web seja 500 vezes maior do que a ‘internet de superfície’, que todos nós usamos”, diz o especialista em tecnologia e consultor da Jovem Pan André Miceli. “É um espaço onde não estão indexados páginas e conteúdos comuns”.

Mesmo com possibilidades mais restritas de acesso do que o mundo online normal, entrar na deep web é possível para quem deseja. 

Navegadores específicos e com encriptação diferente dos que são usados pelo público geral concedem o acesso a documentos, pesquisas acadêmicas e registros financeiros não listados na rede convencional.

Há, no entanto, um território ainda menos explorado na internet profunda: a chamada ‘dark web’

“Ali você pode encontrar assassinos de aluguel, tráfico de drogas, comprar órgãos e entrar em sites de pedofilia”, afirma o jornalista Carlos Aros. “É o pedaço mais problemático da deep web”.

É na dark web onde provavelmente os atiradores de Suzano teriam conseguido reunir a estratégia usada na compra das armas e as informações necessárias para cometer os assassinatos

Segundo os investigadores, a intenção dos amigos era deixar mais mortos do que no massacre de Columbine, nos EUA, onde 13 pessoas foram mortas também em um colégio.

Em entrevista ao Jornal da Manhã nesta sexta (13), o procurador-geral de São Paulo Gianpaolo Smanio afirmou que o Ministério Público do estado investiga a influência de organizações criminosas digitais no tiroteio.

“Ainda é preciso esgotar o caso, mas pode haver sim grupos por trás desse ataque. Nós montamos um gabinete especializado em tecnologia para averiguar isso”.

Os especialistas alertam ainda que mesmo quem navega na deep web por simples interesse pode correr graves riscos. 

“Ali você está muito mais exposto do que a vírus ou clonagem de cartões, que são crimes normalmente cometidos na rede comum”, diz Aros. 

“Na deep web você está fisicamente vulnerável. E, se for pego, pode sofrer complicações. É tão perigoso, por exemplo, como frequentar uma boca de fumo por curiosidade”.

Suzano - 'Apaguei a luz e pedi que não gritassem', conta professora que dava aula durante massacre em Suzano - Professora Jussara de Melo e alunos precisaram improvisar uma barricada para impedir a entrada dos assassinos na sala de aula. Ela disse que não se sente preparada para voltar à escola na semana que vem.

Por Gladys Peixoto, G1 Mogi das Cruzes e Suzano
Professora Jussara colocou mesa atrás da porta para evitar que assassino entrasse em sala de aula do Raul Brasil em Suzano — Foto: Jussara Melo/Arquivo Pessoal

Quando começou a ouvir disparos, Jussara Aparecida de Melo dava aulas de espanhol no Centro de Línguas que fica na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano.

 “Eu fechei a porta e pedi para todos ficarem abaixados atrás das carteiras. Apaguei a luz e pedi que não gritassem. Fui para trás da minha mesa depois", diz.

Jussara ainda não sabia que estava em meio a um massacre. Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 – ex-alunos da escola – entraram na unidade na quarta-feira (13) e fizeram sete vítimas. Antes, Guilherme havia atirado no tio comerciante, na loja dele.

Segundo a professora, as portas das salas de aula da escola não trancam. Ela e os alunos precisaram improvisar uma barricada para impedir a entrada dos assassinos.

“Um deles chegou na porta e disse: 'Hoje é o dia que todo mundo vai morrer'. Eu nem sei se ele me viu, mas eu empurrei a minha mesa para fechar a porta. E soube depois que vários professores escoraram com próprio corpo a porta", contou Jussara.

O desespero foi grande, de acordo com ela, que diz ainda que nunca havia sentido tanto medo.

"Meus alunos pediam a Deus para não morrer. Foi Deus que impediu eles de fazerem mais mortos naquela escola. Eu nunca senti tanto medo em toda minha vida”, relata Jussara.

A Polícia Militar chegou a tempo de evitar que o massacre chegasse até aquela sala.

Sem licença e segurança

Há quase duas décadas trabalhando na Escola Raul Brasil, Jussara considerava a unidade como a sua segunda casa. A serviço do Estado há 30 anos, no início de 2019 ela havia pedido uma licença prêmio. “Eu completei 30 anos em 19 de fevereiro. E deveria estar em licença prêmio, mas não me concederam”.

Emocionada, a professora afirma que não sai de casa desde o dia do massacre e confessa que não tem condições de voltar para a escola. 

“Eles querem que a gente volte na semana que vem, mas eu não tenho condições. Foi por pouco que a gente não morreu.”

A Diretoria Regional de Ensino de Suzano informou que está ciente do caso e a professora não ficará desatendida. 

A Diretoria completou que prestará todo o apoio e acolhimento necessários, além de orientação sobre como proceder para concessão de licença.

Jussara destaca que é preciso que o Estado reforce a segurança na unidade para garantir o bem estar de alunos, professores e funcionários. 

“Não tem segurança, não dá para voltar".

A professora ainda lamenta os comentários sobre armar os professores.

Eu ouvi dizer que se o professor estivesse armado isso não teria acontecido. Mas eu não nasci para matar, eu nasci para lecionar.

Lembranças

Chorando, Jussara se recorda do último contato que teve na quarta-feira com a coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezu. Ela foi uma das duas funcionárias mortas no massacre.

“Ela foi no intervalo no Centro de Línguas e demos nosso último abraço. Eu não consegui ir ao velório e nem no enterro dela. Eu não consigo ainda acreditar que ela está morta.”

Entre os estudantes que foram vítimas do massacre, Jussara foi professora de dois. 

Douglas Murilo Celestino, de 16 anos, morreu tentando ajudar a namorada. Jenifer da Silva Cavalcante, de 15 anos, segue internada em situação delicada. 
Foi retirada uma bala do abdômen dela, colocada uma bolsa de colostomia, mas ainda há uma bala alojada perto do pescoço da adolescente.

“O Douglas era um menino doce e estudioso. A Jenifer me ajudava muito em sala de aula. Era administradora do grupo de WhatsApp da classe. Eu espero que ela sobreviva.”

Suzano - 'Deep web': entenda o que é e os riscos - Em uma parte desse ambiente, conhecida como 'dark net', redes de comunicação anônima podem ser acessadas com facilidade e acabam sendo usadas para circular conteúdo ilegal.


O Ministério Público investiga se os assassinos de Suzano (SP) frequentavam um fórum de grupos extremistas em rede da chamada "deep web", a parte da internet que não pode ser encontrada por buscadores como o Google.
Por Altieres Rohr, G1

Ela não poder ser acessada como um site normal, digitando o endereço em um navegador comum.

Isso é para garantir o anonimato do responsável pelo site e todos os visitantes.

As redes anônimas são destinadas ao uso de ativistas políticos e de jornalistas sob censura, mas suas características acabam atraindo pessoas interessadas em abrigar conteúdo questionável, macabro e ilegal, incluindo a pornografia infantil.

Também é nessas redes que muitos criminosos se comunicam e que hackers colocam à venda os pacotes de vazamentos de dados com informações extraídas de sites e empresas invadidas.

O blog separou 9 perguntas para entender como elas funcionam e o que pode ser feito a respeito delas.


1. O que é a 'deep web'?

Atualmente, há quem use o termo "deep web" para se referir a conteúdos anônimos ou ilegais na internet. Mas "deep web" ("web profunda", em tradução livre) não é necessariamente é um local onde existe apenas conteúdo criminoso.

O termo foi cunhado em 2001 pelo pesquisador Michael Bergman para descrever qualquer conteúdo que não aparecia em mecanismos de pesquisa como o Google ou o Bing, da Microsoft. 

Isso porque, para chegar ao conteúdo "deep web", é preciso acessar um site específico, como se fosse um intermediário.

Estão na "deep web", por exemplo, bancos de dados de agências espaciais, processos em tramitação em tribunais, dados de mapas, impostos e documentos em institutos de governo, entre outros conteúdos que não são encontrados em uma simples busca.

Uma outra parte da "deep web" é de conteúdo anônimo, conhecida também como "dark web" ("web escura"). Para acessá-la, existem programas próprios. O mais popular é chamado "Tor".


2. O que existe na 'deep web'?

A parte de anonimato da "deep web" (também chamada de "dark web") é atraente para ativistas políticos, hacktivistas e criminosos virtuais, além de pessoas que buscam compartilhar conteúdo censurado e ilegal.

Com ações policiais que derrubaram sites de abuso sexual infantil da web comum, parte desse conteúdo também passou a ser disponibilizado nessa rede.

Lá também se encontram lojas virtuais de mercadorias proibidas ou de difícil acesso, inclusive drogas (lícitas e ilícitas) e armas.

Várias dessas lojas, no entanto, já foram derrubadas pela polícia: o caso mais notório foi o do "Silk Road", cujo fundador, Ross Ulbricht, foi condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

A "deep web" também abriga muito conteúdo pirata, incluindo livros, programas e vídeos.

3. Quem pode acessar?

Qualquer pessoa. Quando o software específico é instalado no computador, a rede se torna acessível por meio dele. 
Além do "Tor", que é o mais popular, existem outros programas com funcionamento semelhante.

Esses programas podem ser facilmente encontrados na internet

Em alguns países ou redes, o uso pode estar bloqueado, mas existem mecanismos para burlar essas barreiras.

Muitos dos sites em redes de anonimato são abertos para visita, mas o endereço do acesso aos sites pode não ser muito divulgado. E nem todos os sites são abertos: alguns exigem convites ou cadastros. Há sites que só liberam parte do seu conteúdo para usuários veteranos.

4. Quais os riscos do acesso à 'deep web'?

Do ponto de vista técnico, os sites da "deep web" são normalmente mais simples que os da internet comum. 

É que muitos usuários dessas redes preferem navegar com o maior número possível de recursos desativado, tanto para acelerar o acesso como para reduzir o risco de rastreamento.

Por isso há um risco muito baixo de contaminação por vírus, softwares espiões e outros problemas dessa natureza apenas com a navegação na rede.

Por outro lado, qualquer conteúdo existente na "deep web" deve ser encarado com desconfiança.

Imagens podem ter sofrido edição, programas podem estar contaminados com vírus e grande parte das informações é imprecisa ou totalmente inventada.

É essa falta de sensibilidade sobre o conteúdo da rede que traz mais riscos, principalmente para adolescentes ou adultos não acostumados com este ambiente.

Para os pais que estiverem preocupados se os filhos estão acessando essas redes, é preciso verificar se algum dos programas envolvidos está instalado. 

Por exemplo: para acessar a rede mais comum, a "Tor", é preciso ter o "Tor Browser".

Em alguns casos, o programa pode ser identificado com uma pesquisa no menu iniciar do Windows 10 (basta digitar "Tor Browser"). No entanto, é possível esconder a presença do programa.

É válido lembrar que há muito conteúdo semelhante na internet regular, que crianças podem acessar a partir de qualquer computador, longe de qualquer monitoramento que os pais podem realizar no computador ou celular do filho.


5. Existe alguma regulamentação?

Não. O objetivo das redes de anonimato como o "Tor" é fugir de qualquer lei ou regra. Isso significa que o conteúdo dessas redes não é regulamentado.


Porém, como o acesso ocorre por meio da internet, é possível, em muitos casos, saber se alguém está usando o "Tor" e bloquear totalmente o acesso. 

A eficácia desses bloqueios é incerta, apesar do esforço necessário para impor esse tipo de barreira.

Segundo estatísticas do programa, o país com mais usuário em que internautas se conectam à rede por meios alternativos — um indício de que o método regular foi bloqueado — é a Rússia, responsável por 17,89% desses acessos. 

Em segundo lugar está o Irã (9,02%), seguido dos Estados Unidos (8,74%), da Turquia (6,51%) e da Índia (4,71%).

6. Como acontece o anonimato?

A internet só funciona graças a um grande acordo que existe na web: todos os sites, navegadores e sistemas operacionais "falam" um mesmo conjunto de "línguas" em comum, os chamados "protocolos de rede".

As redes de anonimato estabelecem uma camada de protocolo nova, que o computador não conhece. 

E, com isso, automaticamente, esses sites se tornam incomunicáveis.

O objetivo dessa camada adicional é normalmente a garantia do anonimato dos usuários. Os detalhes técnicos variam em cada protocolo, mas a maioria estabelece uma série de intermediários em cada conexão.

Antes de o usuário se conectar ao destino final, ele se conecta a certos participantes da rede (que podem ser todos ou só alguns) e, com isso, qualquer visita ou acesso fica em nome desses usuários e não do verdadeiro internauta.

Dessa maneira, nem mesmo os próprios sites conseguem saber o endereço de IP verdadeiro de seus visitantes. Sem o endereço IP, é bastante difícil rastrear os acessos.

O próprio "Tor" nasceu com o nome de "The Onion Router". Em português, "onion" significa "cebola"

O nome é uma alusão às diversas camadas (intermediários) da conexão antes de chegar ao destino final.

O programa foi criado pela Marinha dos Estados Unidos para ser usado em regimes autoritários com o intuito de proteger espiões e a comunicação secreta das Forças Armadas.

A rede hoje é mantida por uma organização sem fins lucrativos registrada no estado norte-americano de Massachusetts.

7. Qual o tamanho da 'deep web'?

Alguns sites que promovem o uso da "deep web" afirmam que a maior parte da web (às vezes, mais de 90%) está na lá. 

Porém, esse número deriva do conceito clássico do termo, ou seja, de páginas que não constam em mecanismos de busca.

Considerando só a parte anônima, a rede "Tor" realizou um levantamento em 2015 e estimou que que existiam 30 mil sites dentro dela

O tráfego na rede (que mede o uso da mesma para troca de dados) somava um volume de 150 terabytes por mês.

Em comparação, a internet regular tem quase 1,7 bilhão de sites (de acordo com o Internet Live Stats) e tráfego de mais de 7,5 milhões de terabytes por mês.

8. É possível rastrear ou monitorar a 'deep web'?

Rastrear acessos é bastante difícil, já que as redes são desenvolvidas com a finalidade de evitar o rastreamento, por causa das muitas camadas que existem entre o usuário e o site.

No entanto, o FBI já utilizou códigos semelhantes a vírus para se infiltrar nos computadores de visitantes de sites e colher informações para identificá-los.

Em geral, autoridades tentam infiltrar agentes nesses meios para conseguir ganhar a confiança dos outros participantes.

Foi o que o FBI fez no caso da loja "Silk Road": no momento da prisão de Ross Ulbricht, dono do site, o agente infiltrado estava conversando com ele por chat, para garantir que Ulbricht estivesse usando o computador. Isso permitiu a apreensão do notebook em flagrante, ligado e sem senha.

9. O que é um site 'chan'?

O fórum que pode ter sido usado pelos assassinos de Suzano, é um de muitos sites existentes na internet (dentro e fora da "deep web") inspirados em um site japonês conhecido como "2channel" ("canal 2", de onde vem o "chan").

Em sua essência, os "chans" são fóruns de imagens cujo foco é compartilhar fotografias, desenhos ou memes e realizar comentários de qualquer natureza. 

No Ocidente, esse tipo de site foi popularizado pelo "4chan", fundado em 2003.

Qualquer pessoa que contribui com algum conteúdo nesses sites tende a ser identificada por um apelido. 

Ou seja, mesmo na internet normal, quem posta nesses sites tem alguma expectativa de anonimato, foi por isso que eles atraíram todo tipo de brincadeira duvidosa — os chamados "trolls" da internet.

Boa parte do conteúdo nesses fóruns é erótico. Em alguns casos, o foco pode ser a violência.

De maneira geral, nada que está nesses sites pode ser levado a sério e informações falsas e imagens adulteradas são uma constante por lá. 

Quem cai nas pegadinhas, sejam outros usuários, a imprensa ou as autoridades, vira motivo de chacota.

É por isso que, mesmo em um dos "chans" brasileiros mais infames, poucos entenderam que os assassinos estavam anunciando o massacre que ocorreria em Suzano.

A fama desse site no submundo da rede se deve à prisão e condenação do fundador da página, Marcelo Valle Silveira Mello

Após a prisão de Mello, o site foi assumido por outra pessoa e transferido para a rede "Tor", a "deep web".

Apesar da associação que esses sites têm com material controverso, no Japão, onde eles surgiram, as contribuições dos internautas nesses fóruns já levaram à produção de obras literárias e de televisão, como "Densha Otoko" (livro e série de TV) e "Maoyu" (série de livros, mangá e série animada).

Suzano - Dodge manifesta pesar por tragédia em Suzano

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, manifestou pesar pelas vítimas do ataque à escola estadual Professor Raul Brasil, ocorrido em Suzano (SP) na quarta-feira (13). 
Ao participar, em Brasília, da abertura de um seminário realizado pelo Ministério da Justiça para discutir a defesa do consumidor, Dodge destacou a necessidade de a sociedade repudiar gestos de violência como os dos dois ex-alunos do colégio que mataram cinco estudantes e duas funcionárias da escola, além do tio de um dos atiradores.
“Não podemos deixar que práticas como esta se sedimentem em solo nacional. É preciso repudiarmos, a cada oportunidade, estas práticas. Para que nossas crianças possam ir para as escolas seguras e confiantes de que não serão afetadas por nenhuma ato de violência dentro das salas de aula”, disse Dodge, ao lado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
“O ministro já teve oportunidade de falar publicamente sobre o assunto, manifestando seu repúdio a esta violência e enviando condolências às famílias. Quero me associar a esta manifestação [do ministro]”, acrescentou a procuradora-geral, classificando o episódio como uma tragédia.
“Um assunto desta natureza deve mobilizar a todos, deve contar com a intolerância de todos nós, para o pronto restabelecimento de um ambiente de diálogo e de fraternidade. Na escola e na sociedade brasileira”, afirmou Dodge antes de mandar um abraço a todos os professores. 
São "profissionais importantes que também contam com nossa solidariedade”, acrescentou.
Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil  -   Edição: Graça Adjuto

Distrito Federal intensifica segurança em escolas

O Governo do Distrito Federal (GDF) identificou quatro casos de ameaças feitas por estudantes em redes sociais e em escolas. 
Por esta razão, o governo intensificou a segurança em centros de ensino. 
O anúncio foi feito hoje (15) pelo secretário de Educação, Rafael Parente, por meio do Twiter. 
Agentes à paisana estão em ação dentro de algumas escolas.
"Também é fato que estamos registrando alguns casos de ameaças de alunos. A Secretaria de Segurança e toda a inteligência do GDF já estão em ação, dentro de algumas escolas e à paisana", disse o secretário.
A Polícia Militar do DF não confirma ocorrência em escolas, até o momento.

Invasão


No final da manhã de hoje (15), um professor, armado com uma faca, dardos e uma besta, do mesmo tipo da usada pelos jovens envolvidos no atentado na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), entrou no prédio da secretaria. Ele queria se encontrar com o secretário. O professor foi preso. Ninguém foi ferido.
Parente liberou os servidores da Secretaria de Educação que trabalham na sede do Setor Bancário Norte, no centro de Brasília, que não se sentirem bem emocionalmente.
"Eu não voltarei ao gabinete hoje. Novas medidas para a segurança do prédio já serão implementadas na segunda-feira", anunciou, também pelo Twitter, Parente.
O secretário disse ainda que prestará apoio ao professor que entrou armado na secretaria e à sua família. “Estamos fazendo e faremos todo o possível para que recebam todos os tratamentos necessários”.
Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - 
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-03/distrito-federal-intensifica-seguranca-em-escolas

Suzano - Mais de 15 mil acompanham velório Os assassinatos que ocorreram anteontem na Escola Estadual Raul Brasil, localizada no bairro Jardim Imperador, em Suzano, deixarão profundas marcas

Os assassinatos que ocorreram anteontem na Escola Estadual Raul Brasil, localizada no bairro Jardim Imperador, em Suzano, deixarão profundas marcas. 
Antes dos sepultamentos, os corpos das funcionárias da unidade de ensino, Marilena Ferreira Vieira Umezo, de 59 anos, e Eliane Regina Oliveira Xavier, 38, e dos estudantes Kaio Lucas da Costa Limeira, 15; Claiton Antônio Ribeiro, 17; Samuel Melquíades Silva de Oliveira, 16, e de Caio Oliveira, 15, foram velados na Arena Suzano, localizada no Parque Max Feffer. 
A cerimônia teve início às 7 horas de ontem e começou a terminar por volta das 14h30. Apenas o corpo de Marilena não foi enterrado, já que é aguardada a chegada do filho dela, que mora na China.
Outro adolescente vítima fatal da tragédia, Douglas Murilo Celestino, 16, foi velado em uma igreja evangélica, localizada no bairro Parque Maria Helena, a pedido da família.
A emoção tomou conta do ginásio. Os seis corpos estavam enfileirados e, ao lado dos familiares, a todo momento recebiam o último adeus de amigos, conhecidos e curiosos. 
"É uma tragédia isso. Eu trabalho como monitora de transporte escolar e conhecia o Caio Oliveira, ele era um menino bom e cheio de vida, um amor de pessoa, éramos vizinhos", disse Maria Luciene da Silva, 44. 
Também monitora de transporte escolar, Sonia Maria dos Santos, 63, ressaltou que é preciso haver mais segurança nas escolas. "Pedimos segurança porque não vemos isso, parece que está tudo a Deus dará".
Mais de 15 mil pessoas passaram pelo velório das vítimas, que contou também com a presença de líderes religiosos. 
Ainda fora da Arena, era possível acompanhar filas quilométricas de pessoas que queriam passar um conforto às famílias. Uma delas era a professora Alenilde da Silva, 47. 
Ela contou que o filho era amigo de dois jovens mortos. "Quando eles estavam na quinta-série estudaram juntos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Marques Figueira, mas depois se separaram. 
Sinceramente, foi um choque, algo muito grave, feio, um absurdo, muito cruel", contou.
Primeira vítima
A primeira vítima da dupla foi Jorge Antônio de Moraes, 51, dono de uma concessionária de veículos. Ele é tio de Monteiro e chegou a ser levado para o Hospital das Clínicas de São Paulo, mas não resistiu e faleceu. A loja dele fica a 500 metros da escola.
Lílian Pereira - http://www.portalnews.com.br/_conteudo/2019/03/cidades/98568-emocao-toma-conta-de-velorio-das-vitimas-do-massacre-do-raul-brasil.html

Suzano - Ativista é novamente ameaçada por chan de ódio após atentados - Lola Aronovich recebeu mensagem de membros do Dogolachan comemorando o feito e prometendo novos atentados

Umas das mais ativas vozes feministas do País, a professora Lola Aronovitch não teve dúvidas sobre a origem do massacre de Suzano. Nos comentários de seu blog, viu um comentário, ainda pela manhã: "Grande dia, mas dois heróis morreram". 

"Quando ouvi falar de Suzano, não tive dúvida que era um crime de ódio. E imaginava quem havia incentivado os assassinos, imaginava qual fórum na internet eles frequentavam. E não deu outra: era mesmo o Dogolachan". 
Reportagem realizada pelo R7 foi a primeira a alertar que os atiradores que mataram 10 pessoas e depois se suicidaram em uma escola em Suzano, a 50 km de São Paulo, nesta quarta-feira (13), utilizaram uma das comunidades mais extremistas do Brasil para juntar dicas e fazer planos para o ataque.

No fórum chamado Dogolochan, os jovens agradeceram a ajuda, e deixaram rastros para avisar seus colegas virtuais do massacre que estava por vir.

Há anos, Lola Aronovitch trava uma batalha contra esses caras. "Este fórum anônimo foi criado por Marcelo Valle Silveira Mello em 2013, pouco depois de sair da cadeia, onde havia passado um ano e três meses, e sido condenado a quase 7 anos de prisão. Ele estava tão furioso que foi expulso de outros chans e começou o seu próprio. Passou os cinco anos seguintes fazendo ameaças, criando novos sites de ódio, planejando como arruinar a vida de seus inimigos, tentando convencer outros a cometerem massacres, e cometendo dezenas de crimes (entre eles pedofilia, terrorismo, associação criminosa etc).  Em maio do ano passado, após cinco anos ininterruptos de impunidade, Marcelo finalmente foi preso novamente. E, em dezembro, foi julgado e condenado a 41 anos de cadeia", explica em seu post. 
No entanto, pondera a professorra, ele deixou toda uma quadrilha pra trás, e todos os membros da gangue continuam soltos. "Um mês depois da prisão, o moderador do chan, André (conhecido como Kyo), deixou uma mensagem dizendo que iria se matar. Ouviu em troca "Leve a escória junto", ou seja, antes de se matar, mate alguém. E foi o que ele fez. Saiu às ruas da cidade onde morava (Penápolis, SP), atirou na nuca de uma moça que nunca tinha visto antes, e se matou. Virou herói entre o pessoal do Dogolachan. Um pouco depois, o chan migrou para a Deep Web. Eu parei de acompanhar, já que para entrar lá tem que ter ferramentas como TOR, que eu não tenho. Continuei recebendo ameaças de morte e estupro."
Após o crime em Suzano, Lola Aronovitch relatou ter recebido o seguinte email
"Eu tenho alguns prints que provam que o crime foi premeditado, planejado e anunciado no chan até cinco dias antes do acontecimento, e nenhuma ação da Delegacia de Crimes Virtuais ou da Polícia Federal foi tomada. No dia 7/3 o crime foi anunciado e o sinal de que eles estava prestes a acontecer seria uma música. No dia 11 a música Pumped Up Kicks (que fala sobre Columbine) foi postada junto com uma imagem de dois personagens, onde um deles usa a camiseta com os dizeres 'Natural Selection', a mesma camiseta que um dos atiradores usava no momento do massacre. O atentado ocorreu no dia 13, e o último print é a conversa que os usuários estavam tendo logo depois. Sei que você se importa em denunciar os crimes cometidos pelos chans e eu acho que eles não podem ficar de fora da discussão sobre essa tragédia."
Lola também revelou que, mais uma vez, algumas ameaças vêm sendo deixadas nos comentários de seu blog. A ativista agradeceu às pessoas que temem por sua segurança, e garante: "Não há muito o que fazer. Eu não vou sair do país".
A feminista diz que não sabe mais o que fazer para que a Polícia Federal tome alguma atitude e prenda os demais membros do Dogolachan. "E que no mínimo monitore os demais fóruns, porque cada massacre serve como inspiração para novos atentados. Todas e todos nós que somos pela paz avisamos que liberar as armas era uma péssima ideia. Vamos trocar a cultura da morte, o fetiche por armas, por educação contra o ódio?". 

Suzano - 'Ele queria matar mais. Pelo menos 50', diz 3º suspeito do massacre - Jovem disse em entrevista exclusiva à Record TV que Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, praticava bullying na escola e planejou mais mortes

    • SÃO PAULO
    • Cesar Sacheto e Guilherme Padin, do R7, com Record TV
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O adolescente de 17 anos, apreendido nesta sexta-feira (15) pela Polícia Civil, por suspeita de participar do planejamento do massacre na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, havia concedido uma entrevista exclusiva ao programa Balanço Geral, da Record TV, na última quinta-feira (14).

No entanto, o jovem não revelou na gravação o envolvimento com os assassinos nem na elaboração do plano criminoso e se apresentou apenas como uma testemunha da tragédia.

"A gente gostava bastante de videogame, bastante de armas. A gente sempre gostou bastante de armas. Basicamente isso. Ele era quieto, mas era querido. Ele não sofria bullying. Ele era o cara que fazia bullying", revelou o adolescente com exclusividade ao apresentador Matheus Furlan.

O jovem disse ainda que a intenção dos assassinos era matar ainda mais pessoas. "Tudo o que ele fez, estava planejando. Pela munição que levou, ele queria matar mais pessoas. Pelo menos 50 mortos", revelou.

Irmã poupada por assassinos
A irmã do adolescente que ajudou no planejamento do ataque teria sido poupada por um dos assassinos durante a invasão à escola Raul Brasil, na última quarta. "Eu acho, inclusive, que ele deixou ela [irmã] sair. [Meus pais] Choraram bastante."

Inspiração em Columbine
O rapaz também diz acreditar que Guilherme pode ter se inspirado no massacre de Columbine, nos Estados Unidos, ocorrido em 1999, quando dois atiradores mataram 13 e depois tiraram a própria vida.

"Ele gostava bastante de um caso nos Estados Unidos, da escola Columbine, que jovens entraram lá e mataram muita gente. Ele falava: 'Se eu entrava naquela escola, eu fazia isso, isso e isso'".

Insensibilidade
O adolescente demonstrou indiferença em relação ao sofrimento dos jovens devido ao brutal ataque praticado por Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro, que matou dez pessoas e deixou outros 11 feridos. 
"[Estudantes] Provavelmente bem tristes, né. Chorando, desmaiando, não sei qual é o sentimento, essa angústia", disse o menino na entrevista. 

Perguntado pelo repórter da Record TV se sentia alguma revolta, o jovem foi categórico: "Não".

Depoimento
O jovem chegou ao fórum de Suzano por volta das 11h desta sexta-feira, acompanhado da mãe e de um delegado da Polícia Civil para ser ouvido por representantes do Ministério Público do Estado.
Policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do adolescente, após determinação da Justiça. A partir do depoimento concedido ao MP, será decidido se haverá internação. Em virtude das determinações do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o processo tramita em segredo de Justiça.

Troca de mensagens com assassino
Funcionários do estacionamento no qual os assassinos deixavam o carro alugado para a ação — e onde planejavam o crime — contaram em depoimento à polícia que viram três pessoas.
O jovem se comunicava com Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, por mensagens no WhatsApp. Na conversa, ambos falaram sobre treinamento em um estande de tiros.