PT anuncia Haddad como vice na chapa de Lula e acordo com o PCdoB Se a candidatura de Lula for aprovada pela Justiça Eleitoral, Manuela D'Ávila entra no lugar de Haddad. Se não, ela fica como vice do ex-prefeito de São Paulo.



POR PEDRO DURÁN
Uma chapa de três nomes: um candidato a presidente que pode ficar fora da disputa e dois vices. Essa foi a fórmula que o PT usou para conseguir amarrar o PCdoB na coligação.

A reunião que definiu a formação final da chapa começou às 17h e se estendeu até quase a virada de domingo para segunda. O registro da coligação foi feito cinco minutos antes do fim do prazo.

A composição fica assim: no registro, Lula como candidato a presidente e Fernando Haddad como vice. Se o nome de Lula não for impugnado até o limite para a troca de nomes, 17 de setembro, Haddad sai da chapa para Manuela ficar como vice.

O mais provável, no entanto, é que a candidatura de Lula seja impugnada pela Lei da Ficha Limpa. Neste cenário, o ex-prefeito de São Paulo sobe para candidato a presidente e Manuela assume como vice. Ele viajará o Brasil com Manuela.

"Vamos agora compatibilizar os nossos programas que têm só coisas em comum. E vai ser um prazer cruzar o país levando a voz do Lula, a voz das nossas lideranças pra todos os rincões desse país. Manuela é uma grande companheira desde sempre e o PCdoB é um parceiro histórico do PT", disse ele.

A configuração está longe de ser o plano inicial do PT. A ideia inicial era ter Lula em uma grande frente de esquerda. Preso, o presidente sugeriu Jaques Wagner para representá-lo. Mas o ex-governador da Bahia não quis. O PT também não conseguiu atrair Ciro Gomes e o PDT. A presidente do PCdoB, Luciana Santos, entende que essa foi a aliança possível.

"O ideal era que nós tivéssemos aqui uma frente mais ampla do que essa. Até mesmo com a candidatura de Ciro Gomes à presidente da República, nessa composição com a gente, com o Partido dos Trabalhadores e o PCdoB. Não foi possível. Mas nós estamos fazendo o desenho da frente que foi possível construir até então", explicou ela.

Antes da decisão, uma carta de Lula foi lida. Nela, o ex-presidente elogia Manuela, mas diz que Haddad é quem melhor representa as ideias nesse momento. Ele usa a expressão "mar vermelho" pra falar da batalha jurídica que o partido vai enfrentar nos próximos dias, com recursos à candidatura dele que deve ser vetada pela Lei da Ficha Limpa.

O advogado que vai cuidar do registro da candidatura prevê um julgamento rápido no caso de recurso à impugnação. Luis Fernando Pereira disse à CBN que quer usar o calendário eleitoral e a jurisprudência a favor do partido - que vai caminhar "no fio da navalha".

"Nas últimas duas vezes que houve impugnação a presidente da república demorou 100 dias pra julgar. Eu acho que se eles forem rápidos eles julgam em 40, sei lá, 35, 30. É difícil definir. Vai depender do TSE. Na eleição de 2016, 145 prefeitos estavam com o registro indeferido no dia 17, na data limite da troca e levaram à diante. Disputaram a eleição, ganharam. E aí 7 em cada 10 desses 145 reverteram o indeferimento depois da eleição. Foram diplomados, tomaram posse e exercem o mandato até hoje", defendeu ele.

Na prática, o nome de Lula vai ser arrastado como cabeça de chapa o mais longe possível. A cara de Lula vai para a campanha. O nome de Lula vai para a TV e para o rádio. Isso pelo menos até dia 17 de setembro, limite para a troca de nomes na chapa. Só quando essa data chegar ou os recursos se esgotarem é que o PT deve tentar converter os votos para Fernando Haddad. O especialista em marketing eleitoral e professor da ESPM, Gabriel Rossi, acha a estratégia ruim:

"O eleitor no final das contas vai se sentir traído, vai quebrar a confiança do eleitor. Algo que só aumenta a ogeriza em relação ao próprio Partido dos Trabalhadores e ao Luiz Inácio Lula da Silva. Fora isso, transferência de votos não é algo automático, não é de um dia pro outro. Isso precisa ser trabalhado. E muitas vezes isso não dá certo. Então, eu vejo que a melhor estratégia seria abrir mão por um outro candidato ou fazer uma coalizão de esquerda", opinou ele.

A chapa que agora tem PT, PCdoB, PROS e PCO é dona do segundo maior tempo de TV, perdendo apenas para a coligação do tucano Geraldo Alckmin. Agora, os partidos vão lutar para garantir Haddad como substituto de Lula em debates e entrevistas.

CALENDÁRIO ELEITORAL:

5 de agosto - Prazo final para convenções partidárias
6 de agosto - Registro oficial das atas de convenções
9 de agosto - Primeiro debate oficial na TV
15 de agosto - Prazo final para registro de candidaturas
16 de agosto - Início da análise do TSE sobre candidaturas
16 de agosto - Início da campanha na internet e nas ruas
31 de agosto - Início da propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio
17 de setembro - Último dia para substituir candidatos dentro das coligações
7 de outubro - 1º turno das eleições
28 de outubro - 2º turno das eleições

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