CNI: indústria da construção enfrenta dificuldades para se recuperar, especialmente por causa do elevado custo dos financiamentos, que são um obstáculo para as empresas e para quem quer investir em imóveis
A atividade e o emprego na indústria da construção registraram nova
queda em junho.
A retração, entretanto, foi menos intensa do que a
verificada em maio, quando o setor sentiu o impacto da paralisação dos
caminhoneiros.
O indicador de nível de atividade alcançou 46,7 pontos e o
de número de empregados ficou em 43,4 pontos no mês passado.
Os dados estão na pesquisa Sondagem Indústria da Construção,
divulgada hoje (27) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os
indicadores da pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo
de 50, indicam queda na produção e no emprego.
O nível de atividade está 2,3 pontos acima do registrado em maio. Com
isso, o setor continua operando com elevada ociosidade.
O nível de
utilização da capacidade de operação aumentou 2 pontos percentuais em
relação a maio e ficou em 57% em junho.
Isso significa que a indústria
da construção operou com 43% das máquinas, equipamento e pessoal parados
no mês passado.
De acordo com a CNI, o setor enfrenta dificuldades para sair da crise
especialmente por causa do elevado custo dos financiamentos, que são um
obstáculo para as empresas e para quem quer investir em imóveis.
Além
disso, com a crise no mercado de trabalho e o desemprego, as pessoas
ficam inseguras para comprar imóveis.
Tabela do frete
Para a CNI, o fraco desempenho do setor e as dúvidas sobre os efeitos
da tabela mínima do frete tiveram impacto sobre a confiança e a
disposição dos empresários para investir.
O Índice de Confiança do
Empresário da Construção (ICEI-Construção) alcançou 48,9 pontos em
julho.
Mesmo com o aumento de 0,9 ponto em relação a junho, o indicador
permanece abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa a
confiança da falta de confiança. O índice também está abaixo da média
histórica que é de 52,9 pontos.
O Índice de Intenção de Investimentos aumentou 0,7 ponto frente a
junho e ficou em 31,3 pontos em julho.
“Apesar do crescimento, o índice
segue muito baixo, indicando pouca intenção dos empresários em
investir”, diz a pesquisa.
Ainda assim, a melhora dos indicadores de confiança e de intenção de
investimentos é resultado das perspectivas mais positivas dos
empresários, segundo a CNI.
Depois da queda registrada em junho por
causa da greve dos caminhoneiros, os indicadores de expectativas
voltaram a ficar acima dos 50 pontos, mostrando que os empresários
esperam o aumento do nível de atividade, de novos empreendimentos e
serviços e da compra de insumos e matérias-primas nos próximos seis
meses.
Só o indicador de expectativa do número de empregados ficou em 49,2
pontos, abaixo da linha divisória dos 50 pontos, mostrando que o setor
espera a queda no emprego nos próximos seis meses.
Situação financeira
A Sondagem mostra, ainda, os principais problemas enfrentados pela
indústria da construção no segundo trimestre do ano. A elevada carga
tributária, com 33,7% das respostas, ficou em primeiro lugar na lista.
Em seguida, com 32% das assinalações, aparece a demanda interna
insuficiente.
Em terceiro lugar, com 27% das menções, os empresários
citam a falta de capital de giro. Em quarto, com 21,6 % das respostas,
aparece a burocracia excessiva, e, em quinto, com 21,2% das menções, a
inadimplência dos clientes.
Além disso, de acordo com a CNI, as empresas enfrentam uma situação
financeira difícil. Mesmo com a leve melhora registra no segundo
trimestre, as empresas continuam insatisfeitas com a margem de lucro e
com a situação financeira.
O indicador de satisfação com a situação
financeira aumentou 0,9 ponto no segundo trimestre frente ao período
imediatamente anterior e ficou em 40,1 pontos. O de satisfação com a
margem de lucro subiu 1,2 ponto e alcançou 35,6 pontos.
Ambos estão
abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa a satisfação da
insatisfação dos empresários.
O indicador de facilidade de acesso ao crédito cresceu 0,9 ponto no
segundo trimestre frente ao primeiro e ficou em 31,9 pontos, muito
abaixo dos 50 pontos, o que indica dificuldade de acesso ao crédito.
A pesquisa foi feita entre 2 e 12 de julho com 549 empresas do setor.
Dessas, 195 são pequenas, 242 são médias e 112 são de grande porte.
Todos os detalhes da pesquisa estão disponíveis na página da Sondagem Indústria da Construção.
Por
Da Agência Brasil
Edição: Maria Claudia