Prefeitura de Mogi analisa propostas para melhorar trânsito Engenheiros e arquitetos apresentaram ideias em um concurso. Projeto vencedor propõe desde troca de pontos de ônibus até VLT.


Pedro Carlos LeiteDo G1 Mogi das Cruzes e Suzano
Prefeitura de Mogi das Cruzes analisa propostas de melhorias e soluções para o trânsito da cidade elaboradas por engenheiros e arquitetos vencedores de um concurso de ideias promovido pela Câmara Municipal em parceria com entidades da área de planejamento urbano.  As sugestões envolvem desde medidas simples - como mudanças de local de pontos de ônibus - até intervenções complexas, como a implantação de Veículo Leve Sobre Trilho (VLP). As propostas dos três primeiros colocados estão sob análise do Executivo desde 20 de abril e ainda não há prazo para conclusão.
A Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Mogi das Cruzes (Aeamc) ajudou a organizar o concurso. “Pedimos propostas simples, nada mirabolante. O objetivo não é resolver – para resolver só se desmanchasse Mogi das Cruzes e fizesse de novo – mas melhorar o trânsito da cidade. Se a gente colaborar com alguma coisa já teremos a missão cumprida. Às vezes a prefeitura está próxima demais do problema e não consegue enxergar as soluções. Quem está de fora pode perceber e ajudar”, comenta o presidente da entidade, o engenheiro Orlando Pozzani.
As propostas vencedoras foram elaboradas pela equipe formada pelo engenheiro Gilmar Aparecido Gallo e as arquitetas Kátia Suemi Tanaka e Giovana Dias de Campos. O projeto foi dividido em ações de curto, médio e longo prazo.
Mapa de proposta de implantação de mão dupla na Rua São João em Mogi das Cruzes (Foto: Arte/G1)
Mão dupla na São João
Entre as propostas que podem ser imediatamente aplicadas está a extensão da mão dupla da Rua São João, no Centro da cidade. O projeto sugere que ela seja feita “do trecho que compreende o Hospital Mogi D’or até a Rua Cardoso Siqueira, com a finalidade de diminuir o fluxo de veículos no sentido da Rua Dr. Corrêa e no semáforo da Praça 7 de Setembro.”
O motorista Haroldo Corrêa, que trabalha naquela região, concorda com a ideia. “Esse pedacinho só de contramão é meio ‘fora de ética’. Quem tem que pegar a Cardoso Siqueira tem que dar a volta por trás e pegar vários sinais”, comenta.
Ele afirma que já viu vários carros quase baterem na altura da praça João Martins de Melo. “Tem gente que sobe a São João e que bate em quem está no sentido oposto e vai virar”, conta.
ponto de ônibus largo do carmo (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)Problemas no trânsito quando muitos ônibus param no ponto do Largo do Carmos também são apontados no projeto (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
Pontos de ônibus
Outra proposta é o remanejamento dos pontos de ônibus da Praça do Carmo e da rua Dr. Corrêa, que ficam bastante próximos. O projeto argumenta que “a ocorrência de três ou mais ônibus parados em ambos os pontos causa transtorno aos demais automóveis, sobrando pouco espaço para a circulação”. Porém, não há sugestão de para onde esses poderiam ser realojados.
Motoristas sugerem que, no caso do ponto da praça,  uma alternativa é restrição de um ou outro tipo de ônibus, já que atualmente o local recebe tanto coletivos circulares quanto intermunicipais. “Se o ponto sair daqui vai para onde?  Não tem onde colocar. Uma coisa seria se o intermunicipal pegasse a Barão de Jaceguai, aí talvez não atrapalhasse tanto”, comenta o desenhista Denilson Ayres.
Já o aposentado Daniel de Lima tem uma opinião diferente. “Acho que deveria ter mais pontos ou as pessoas tomar ao lado do terminal. No Carmo deveria ser intermunicipal, as linhas que vão mais longe”, acredita.
Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco foi o local onde golpistas enganaram duas mulheres (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)Para arquiteta, carros-fortes poderiam parar nos
estacionamentos dos bancos.
(Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
Estacionamento para carro-forte
A arquiteta Katia Tanaka – coautora do projeto vencedor – observa que há problemas quando carros-fortes descarregam dinheiro em frente aos bancos. “A Avenida Voluntário Pinheiro Franco tem três faixas de rolamento, mas há ocasiões em que na faixa da direita os ônibus estão parados nos pontos e na faixa da esquerda o carro-forte está na porta do banco, sobrando apenas uma pista para os demais motoristas”. Na opinião dela, algumas medidas simples poderiam resolver o problema. “Muitos bancos têm estacionamento próprio, poderia haver uma lei municipal determinando que os carros de serviço bancário usem os estacionamento das próprias agências para descarregar os valores. Em outros pontos da cidade poderiam haver vagas exclusivas para os carros-fortes”, sugere a arquiteta.
Bolsões de estacionamento
Além das sugestões de aplicação mais fácil e baixo custo, o projeto vencedor também propõe ações mais ambiciosas. Uma das ideias é a implantação progressiva de bolsões de estacionamento.
Primeiro, haveria um bolsão para vans e ônibus escolares com a finalidade de organizar e desobstruir as avenidas próximas às universidades, funcionando apenas no horário noturno das faculdades. Num segundo momento, outros quatro bolsões seriam destinados a motoristas de carros de passeio. Eles seriam implantados em Brás Cubas, Vila Industrial, Mogilar e Jardim Camila.
Pelo projeto, o usuário teria um espaço monitorado para estacionar seu veículo e seguir para seu destino em linhas de micro-ônibus fazendo o percurso Bolsões-Centro e vice-versa. A ideia é substituir o transporte individual pelo coletivo, desafogando o trênsito no centro da cidade.
Autor do projeto, o engenheiro Gallo cita um exemplo, de um usuário que necessita ir ao shopping e ao mercado municipal. “O usuário estaciona no bolsão da Vila Industrial, acessa o micro-ônibus em direção ao shopping e realiza suas compras. Em seguida acessa novamente o micro-ônibus em direção ao Mercado Municipal, faz as compras e retorna em outra linha de micro-ônibus no trajeto Mercado-Bolsão da Vila Industrial.
Veículo Leve Sobre Trilhos
Num segundo momento, o engenheiro propõe a implantação de Veículo Leve Sobre Trilho (VLT)  ligando os terminais de ônibus e os bolsões de estacionamento, num complemento aos ônibus e micro-ônibus. Em sua justificativa, o engenheiro justifica que "o VLT trabalha de eficiente e ecológica, movido por energia elétrica, não gerando poluição"
Há inclusive a sugestão de linhas:
Leste-Oeste  - Ligando Jundiapeba a César de Sousa (num corredor paralelo à linha férrea).
Sul-Oeste - Interligando Vila da Prata, Mogi Moderno e estação de Brás Cubasda CPTM (usando trajeto da Avenida Henrique Peres e Rodovia dom Paulo Rolim Loureiro).
Norte-Oeste - Interligando os bairros Rodeio, Ponte Grande, Vila Industrial, Parque Leon Feffer e Vila São Francisco,  chegando até a estação de Brás Cubas (pela Perimetral).
Morador de Mogi há 17 anos, Gallo acredita que é preciso diminuir a quantidade de carros do Centro da cidade. "A cidade cresceu demais e é desenvolvimentista, atraindo cada vez mais indústrias e empreendimentos. Atualmente a frota tem 200 mil veículos e em 10 ou 20 anos serão 350 mil. Haverá um colapso nos próximos anos. Para evitar o caos é preciso pensar em obras para as próximas décadas".
Prefeitura avalia
Os projetos não levantam os custos para aplicar tais ideias. O G1 entrou em contato com a Prefeitura, mas a Secretaria de Transportes não vai se pronunciar porque as propostas estão sendo analisadas pelo setor de Engenheria de Tráfego. Segundo a administração municipal, é preciso analisar as consequências e impactos das medidas. Porém, não há prazo para a conslusão da análise.

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