junji abe - Mobilidade Urbana - Junji orienta eficiência no Plano Diretor


Para enfrentar os desafios de melhorar a mobilidade urbana, deputado recomenda planejamento com foco regional, visando adequar transporte coletivo e beneficiar famílias de baixa renda


Junji: “É fundamental propiciar à classe trabalhadora condições de habitar perto do trabalho e ter, onde mora, acesso aos equipamentos urbanos elementares, como postos de saúde, escolas, creches, centros esportivos e comércio, entre outros”
Sem um Plano Diretor para nortear o desenvolvimento urbano, que vislumbre um horizonte mínimo de 30 anos, esteja pautado pela evolução regional, além de compatibilizar a expansão empresarial com a implantação de moradias populares nos mesmos locais ou em localidades próximas, “as chances de melhorar a mobilidade urbana e, junto com ela, a qualidade de vida, são nulas”. Quem opina é o deputado federal Junji Abe (PSD-SP), ao falar sobre os desafios dos próximos prefeitos brasileiros, com a experiência de quem já comandou, por oito anos seguidos (2001 a 2008), a Cidade de Mogi das Cruzes, com cerca de 400 mil habitantes, na Grande São Paulo.

“O poder público precisa planejar com eficiência. É fundamental propiciar à classe trabalhadora condições de habitar perto do trabalho e ter, onde mora, acesso aos equipamentos urbanos elementares, como postos de saúde, escolas, creches, centros esportivos e comércio, entre outros”, recomendou Junji, ao assinalar que a baixa mobilidade urbana resulta da crônica falta de investimentos na infraestrutura de transportes.

O desequilíbrio para viabilizar a logística adequada de deslocamentos de pessoas e cargas, segundo o deputado, agravou-se ao longo dos últimos dez anos. “Desativaram ferrovias e brecaram novos investimentos no sistema ferroviário que, se estivesse operando de forma satisfatória, diminuiria e muito os congestionamentos, além de agilizar a locomoção e reduzir custos de produção, aumentando a competitividade do País em nível internacional e baixando preços no mercado interno”, observou.

As considerações de Junji foram feitas nesta quarta-feira (12/12/2012), durante a XIII Conferência das Cidades, integrante do Congresso Brasileiro de Gestão Pública Municipal e promovida pela CDU – Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. O parlamentar faz parte do colegiado, que é presidido pelo deputado Domingos Neto (PSB-CE). Todos no evento foram unânimes em apontar a mobilidade urbana como o grande desafio a ser vencido pelos próximos prefeitos.

A população residente na periferia gasta, em média, quatro horas no trajeto de ida e volta entre sua casa e seu trabalho. “É um absurdo que a situação persista. Pior: sem uma sinalização efetiva de solução”, criticou Junji, ao ponderar que o crescimento desordenado das cidades deixa a classe trabalhadora cada vez mais distante dos polos empresariais e vitimada por transporte coletivo precário.

O deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista para o Fortalecimento da Gestão Pública, afirmou que o principal objetivo do colegiado no evento é reunir esforços para discutir os grandes gargalos do País. “Se, juntos, não tivermos foco numa gestão pública de resultados, continuaremos a ter os grandes problemas na máquina pública”. Domingos Neto destacou que a conferência visa debater os sistemas bem-sucedidos no saneamento de complicadas questões urbanas.

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, declarou que o governo federal vem enfrentando o problema da mobilidade urbana no Brasil por meio de três grandes programas: o PAC Grandes Cidades, o Megacidades e os investimentos nas 12 cidades sedes da Copa do Mundo. Juntos, os três planos englobam cerca de 100 dos maiores municípios brasileiros e contam com investimentos da ordem de R$ 60 bilhões. Concordando com Junji, ele associou o fortalecimento da gestão pública à “possibilidade de planejar e executar as ações de que o País precisa”.

Em seu discurso, o presidente da Câmara de Gestão de Desempenho e Competitividade da Presidência da República, empresário Jorge Gerdau, evidenciou que “o domínio dos processos é uma ferramenta decisiva para definir o sucesso das atividades humanas” e viabilizar o aperfeiçoamento da gestão pública. “Definir onde eu quero chegar para alcançar resultados, quais são as metas e o processo que me dará segurança para que elas sejam atingidas”, descreveu, avalizando as considerações de Junji sobre a necessidade de planejamento eficiente.

Modelo equivocado
De acordo com o deputado federal Junji Abe, as autoridades brasileiras vêm, ao longo dos tempos, adotando “medidas paliativas com sentimento de imediatismo”, o que prejudica o desenvolvimento da Nação e, consequentemente, derruba a qualidade de vida. Ele voltou a protestar contra o que classifica como modelo equivocado de crescimento econômico: “Tudo gira em torno das montadoras de veículos, com amplo incentivo à compra de carros, em detrimento da circulação urbana, do meio ambiente e do bem-estar coletivo”.

Na visão do parlamentar, não há como pensar em desenvolvimento sustentável dos municípios sem cuidar da infraestrutura de transportes, com prioridade para elevar a eficiência dos coletivos e multiplicar ciclovias. Junji disse que é preciso cobrar “pulso firme” dos políticos em todas as esferas para garantir a necessária mobilidade urbana, livrando a população da precariedade do transporte público e da inexistência de condições para o uso de bicicletas, que só agravam os congestionamentos nas grandes cidades.

O Brasil tarda na adoção de medidas para melhorar a mobilidade urbana, seguindo a trajetória equivocada dos Estados Unidos, onde a população representa 5% dos habitantes do planeta, mas consome 25% do petróleo e seus derivados gastos no mundo. “Ísto é a contramão da sustentabilidade”, resumiu Junji e arremessou: “Não basta garantir o direito de ir e vir. É preciso oferecer agilidade, praticidade e conforto no deslocamento de um ponto a outro para todos os segmentos sociais, incluindo portadores de deficiência”.

Num cálculo simples, raciocinou Junji, os custos do tempo perdido em congestionamentos monstruosos somados aos da multiplicação de grandes áreas para estacionamentos, que poderiam ser direcionadas a iniciativas de maior alcance social, seriam suficientes para assegurar o aporte dos investimentos necessários para aperfeiçoar os serviços de ferrovias, metrôs e outros coletivos, além de ampliar as ciclovias.

A população passaria a optar pelo transporte coletivo se tivesse um serviço de qualidade. “Para trocar o uso do seu carro pelo coletivo ou pela bicicleta, o cidadão precisa sentir que compensa. Ou seja, saber que gastará bem menos e economizará tempo”, comentou Junji.

Junji lembrou ainda a importância de os prefeitos “agirem localmente, mas pensarem globalmente”. Muitos dos problemas enfrentados são comuns em todas as cidades. Para haver efetividade nas soluções, recomendou, é necessário trabalhar em nível regional. Como exemplo, ele citou o Estado de São Paulo, que agrega os municípios de um determinado ponto em regiões metropolitanas para o desenvolvimento de ações conjuntas. Vale para a saúde, educação, transportes, infraestrutura, gestão de resíduos sólidos e outra série de setores, como salientou ele.
Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com

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